Os bandidos ainda incendiaram dois ônibus em um período de apenas 20 minutos. Um dos ataques foi na Zona Norte da capital, e outro em Guarulhos. Por sorte, ninguém se feriu com gravidade, mas, por enquanto, ninguém foi preso.
Tudo aconteceu a apenas 500 metros da garagem da empresa de ônibus. Eram 23h e estava perto da última viagem da noite. O motorista, o cobrador e os poucos passageiros foram surpreendidos pelos criminosos em uma rua de Tremembé, na Zona Norte de São Paulo.
A polícia diz que o fogo consumiu o ônibus rapidamente. Só sobrou mesmo a carcaça e a estrutura de ferro que fica dentro. Dez jovens que chegaram e colocaram fogo. E eles aproveitaram bem o momento que o ônibus parou na frente de um ponto.
Os jovens jogaram combustível nos olhos do motorista, que foi levado para o hospital e passa bem. O ataque aconteceu perto da garagem da companhia, mas o transporte não foi prejudicado.
Em Guarulhos, 20 minutos antes, um ataque parecido. As chamas também acabaram com um ônibus. Só o motorista estava dentro quando quatro homens colocaram fogo.
A madrugada continuou violenta em Guarulhos. A seis quilômetros do ônibus queimado, três pessoas foram baleadas em uma rua. A polícia diz que cinco homens encapuzados atiraram, inclusive com uma metralhadora. Dois homens morreram e uma mulher está internada.
Outras seis pessoas também foram baleadas e socorridas em outras ruas da cidade. Uma delas morreu no hospital.
PM determina prisão de policiais que teriam executado servente em SP
O servente foi retirado pela polícia de casa. Ele levou um tapa no rosto e um chute, enquanto implorava para ser solto.
A Polícia Militar não quis divulgar o nome dos cinco homens que aparecem no vídeo.
“Pelo amor de Deus, senhor, eu não tenho nada a ver. Não, senhor! Por favor!”, implora um homem.
Os gritos de Paulo Batista do Nascimento, de 25 anos chamaram a atenção dos vizinhos na manhã de sábado. O servente, que já foi condenado por receptação, roubo e falsificação de documentos, foi retirado pela polícia de uma casa, em Campo Limpo, Zona Sul de São Paulo.
Os PMs tentam levá-lo, mas ele resiste. Um dos policiais dá um tapa no rosto de Paulo. Logo depois recebe um chute de outro. Os PMs seguram Paulo e o levam para perto do carro da polícia. Ele continua pedindo para ser solto.
Um policial ergue os braços, em posição de tiro. Nas imagens não é possível ver se ele atira, mas logo a seguir ouve-se um som de disparo. A pessoa que está gravando se assusta e se esconde. E quando volta a mostrar a rua, registra a movimentação de alguns policias.
A versão dos policiais registrada no boletim de ocorrência foi outra. Disseram que dois PMs que estavam em motos tentaram abordar o carro roubado com três suspeitos, entre eles Paulo. Houve perseguição e troca de tiros. Segundo o boletim de ocorrência, Paulo teria conseguido fugir e o corpo teria sido encontrado pelos policiais em uma viela.
Mas segundo informações da Secretaria Municipal de Saúde, um colega de Paulo morto na perseguição deu entrada no pronto socorro de Campo Limpo às 8h48. Paulo deu entrada quase uma hora depois, às 9h40. Segundo a secretaria, chegou ferido e morreu minutos depois.
Ao ver as imagens, a família identificou Paulo. “O tiro que ele toma no braço mostra a tatuagem que ele tem de um mago. Tudo isso me levou à conclusão de que é o Paulo”, diz.
A tatuagem de mago está descrita no boletim de ocorrência. Assim como a palavra Irene, tatuada no braço direito. “Tinha uma antecedência criminal. Mas não era motivo de ser morto”, lamenta.
No domingo (11), depois de ver as imagens, o comandante da PM determinou a prisão dos cinco policias que pegaram Paulo na casa. “Tão logo tomamos conhecimento do fato, determinamos a prisão de todos os policiais militares envolvidos. A Polícia Militar vai apurar rigorosamente e, de acordo com as provas que forem carregadas ao inquérito, esses policiais militares deverão ser processados, demitidos ou expulsos da corporação”, afirma o coronel Roberval Ferreira França, comandante da PM de São Paulo.
Além dos cinco policiais que aparecem nas imagens, pelo menos outros 25 também estão sendo ouvidos pela corregedoria da Polícia Militar. Todos teriam participado da ocorrência.
